domingo, 28 de setembro de 2014

História da Cultura Antiga

As Diversas Profissões:

         Além das óbvias ocupações agrícolas que, certamente empregavam mais de 80% da população comum, havia também outros vários empregos que um Egípcio poderia ocupar. Os que davam mais poder e status estavam ligados aos templos e ao serviço burocrático nacional, sendo assim, se tornar Sacerdote ou Escriba eram o sonho de muitos indivíduos. No entanto, tais profissões requeriam que a pessoa soubesse ler e, muitas vezes, escrever, sendo assim, acabavam restritas aos filhos de pessoas importantes (ainda que apenas importantes localmente, no contexto dos Spat) e apenas raramente alguém realmente do povo conseguia ascender a uma dessas posições, no entanto, esse tipo de serviço, ou seja, saber ler, constituía uma oportunidade real de se melhorar de vida (se levarmos em consideração as oportunidades de enriquecimento advindas da corrupção que, em muitos períodos, assolou a burocracia nacional, podemos perceber que a sociedade Egípcia possuía uma certa mobilidade, apesar de não poder ser considerada exatamente uma sociedade de classes).
        O artesanato, seja ele a confecção de estátuas, de jóias, de enfeites... era outra profissão muito comum no Egito e, por requerer uma boa dose de dedicação e aprendizado, podemos pensar que talvez fosse hereditária, sendo assim, ninguém escolheria ser um artesão, apenas se tornaria um se seu pai também o fosse.
         O trabalho em madeiras deveria ser uma profissão nobre e deveria haver poucos indivíduos capacitados a ela em todo o Egito, estes, contudo, deveriam ser muito bem remunerados e não é de se duvidar que, dada a raridade da madeira no Egito, o indivíduo capacitado a construir tronos, cadeiras, mesas e esquifes também deveria ser capaz de construir navios, deveria ser um trabalhador da madeira.
         Outra profissão da qual não podemos nos esquecer é a de trabalhador das Necrópoles. Em geral estes indivíduos estavam associados a algum templo e, se ele fosse trabalhador da Necrópole Régia, talvez estivesse sob as diretas ordens do Clero de Amon. Estes indivíduos devem ter tido grande poder, visto que, segundo vimos, durante o governo de Ramsés XI, tais trabalhadores foram capazes de depor o Sumo-Sacerdote de Amon com suas revoltas.
         Os remadores, barqueiros, marinheiros, capitães e pescadores também devem ter tido um destaque muito grande dentro do contexto Egípcio, visto que o país não contava com estradas e, dessa maneira, todas as comunicações se davam através do Nilo. Desde mensagens até a pesca e o comércio nacional e internacional, tudo passava pelas águas e, conseqüentemente pelas mãos desses profissionais.
         Arquitetos parecem ter gozado de grande prestígio entre os Faraós, no entanto, ao que parece este cargo não estava disponível aos homens do povo, ficando antes, restrito aos homens de confiança e até, muitas vezes, da família do Faraó, assim como também eram restritos os cargos de oficial do exército e de médico. Estes, por sua vez, muitas vezes eram Sacerdotes capacitados na cura e esta, ao contrário do que se pensa, não era muito desenvolvida no Egito. Na verdade, a medicina Egípcia era muito mais um amontoado de simpatias e fórmulas mágicas do que uma ciência verdadeira. A medicina como ciência só viria a nascer na Idade Média e na Pérsia, não no Egito. Ainda assim, os Egípcios realizavam pequenas cirurgias, amputações, extrações dentárias (que, apesar de fazerem parte da gama de atribuições atuais do dentista, quando se trata de civilizações antigas, pode-se dizer com segurança que eram desempenhadas pelos “médicos”). Chás e emplastros eram considerados os maiores remédios, mas não visavam curar o corpo, mas sim, o ka do paciente, visto que doenças sem um motivo aparente (por motivo aparente podemos tomar um golpe na cabeça, uma flechada, uma mordida de crocodilo, mas não uma gripe, por exemplo) eram vistas como desequilíbrios espirituais que deveriam ser curadas, sobretudo, através de rezas e poções mágicas. Com efeito, para os Egípcios era mais fácil cuidar de uma perna decepada por um ataque de um leão do que de um simples resfriado.
         Talvez o Clero que por mais tempo perdurou no Egito e que mais se difundiu por todo o país sem, contudo, nunca participar ativamente das disputas pelo poder, mas, ao contrário, mantendo-se à margem da sociedade, habitando em templos-oficinas nas bordas das cidades, tenha sido o Clero de Anúbis. Não incluí os Sacerdotes de Anúbis entre os Sacerdotes normais porque suas atribuições eram completamente diferentes, ao invés de se dedicarem a leituras e/ou ao culto do Deus, os sacerdotes de Anúbis se dedicavam à mumificação. Poucos eram os que oravam a Anúbis, mas praticamente todos passavam pelas mãos de seus Sacerdotes antes do derradeiro descanso. Mais uma vez, ao contrário do que se aprende nas escolas e ao contrário do que muitos pensam, a prática da mumificação ensinou muito pouco aos Egípcios no tocante ao funcionamento do corpo humano, no entanto, sobre a mumificação, em si, falarei mais adiante.
        Havia outras inúmeras profissões, como a prostituição, as profissões ligadas à criminalidade, como a dos saqueadores de sepultura e dos ladrões urbanos, a olaria (fabricação de tijolos), a pintura (usada na decoração de ambientes e de sepulturas), o entalhe (também utilizado na decoração de ambientes, e sepulturas)...
         Devemos, por fim, atentar para o fato de que as profissões ligadas à milícia e ao exército eram, em geral, exercidas por mercenários estrangeiros estes, por sua vez, eram os únicos trabalhadores pagos em ouro, visto que os demais trabalhadores estatais eram pagos em gêneros agrícolas, sobretudo o trigo. Os trabalhos considerados muito pesados, como aqueles nas minas, eram relegados aos escravos e, além disso, o trabalho temporário utilizado na construção de templos, palácios, pirâmides, diques de irrigação e obras públicas em geral era baseado especialmente na mão-de-obra agrícola que estava ociosa durante o período de cheia.

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Discorra sobre as relações de trabalho e seu significado dentro da cultura egípcia.

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