Nasceu, estudou, lecionou e
morreu em Koenigsberg. Jamais deixou essa grande cidade da Prússia Oriental,
cidade universitária e também centro comercial muito ativo para onde afluíam
homens de nacionalidade diversa: poloneses, ingleses, holandeses. A vida de
Kant foi austera (e regular como um relógio). Levantava-se às 5 horas da manhã,
fosse inverno ou verão, deitava-se todas as noites às dez horas e seguia o
mesmo itinerário para ir de sua casa à Universidade. Duas circunstâncias
fizeram-no perder a hora: a publicação do Contrato Social de Rosseau, em 1762,
e a notícia da vitória francesa em Valmy, em 1792. Segundo Fichte, Kant
foi "a razão pura encarnada".
Kant sofreu duas influências contraditórias: a influência do
pietismo, protestantismo luterano de tendência mística e pessimista (que
põe em relevo o poder do pecado e a necessidade de regeneração), que foi a
religião da mãe de Kant e de vários de seus mestres, e a influência do
racionalismo: o de Leibnitz, que Wolf ensinara brilhantemente, e o da
Aufklärung (a Universidade de Koenigsberg mantinha relações com a Academia Real
de Berlim, tomada pelas novas idéias). Acrescentemos a literatura de Hume que
"despertou Kant de seu sono dogmático" e a literatura de Russeau, que
o sensibilizou em relação do poder interior da consciência moral.
A primeira obra importante de Immanuel Kant - assim como uma das
últimas, o Ensaio sobre o mal radical - consagra-o ao problema
do mal: o Ensaio para introduzir em filosofia a noção de grandeza negativa
(1763) opõe-se ao otimismo de Leibnitz, herdeiro do otimismo dos escoláticos,
assim como do da Aufklärung. O mal não é a simples "privatio bone",
mas o objeto muito positivo de uma liberdade malfazeja. Após uma obra em que
Kant critica as ilusões de "visionário" de Swedenborg (que pretende
tudo saber sobre o além), segue-se a Dissertação de 1770, que
vale a seu autor a nomeação para o cargo de professor titular (professor
"ordinário", como se diz nas universidades alemãs).
Nela, Kant distingue o conhecimento sensível (que abrange as
instituições sensíveis) e o conhecimento inteligível (que trata das idéias
metafísicas). Em seguida, surgem as grandes obras da maturidade, onde o
criticismo kantiano é exposto. Em 1781, temos a Crítica da Razão Pura,
cuja segunda edição, em 1787, explicará suas intenções "críticas" (um
estudo sobre os limites do conhecimento). Os prolegômenos a toda
metafísica futura (1783) estão para a Crítica da Razão Pura assim como
a Investigação sobre o entendimento de Hume está para o Tratado da Natureza
Humana: uma simplificação brilhante para o uso de um público mais amplo.
A Crítica da Razão Pura explica essencialmente porque as
metafísicas são voltadas ao fracasso e porque a razão humana é impotente para
conhecer o fundo das coisas. A moral de Kant é exposta nas obras que se seguem:
o Fundamento da Metafísica dos Costumes (1785) e a Crítica
da Razão Prática (1788). Finalmente, a Crítica do Juízo (1790)
trata das noções de beleza (e da arte) e de finalidade, buscando, desse modo,
uma passagem que una o mundo da natureza, submetido à necessidade, ao mundo
moral onde reina a liberdade.
Kant encontrara proteção e admiração em Frederico II. Seu sucessor,
Frederico-Guilherme II, menos independente dos meios devotos, inquietou-se com
a obra publicada por Kant em 1793 e que, apesar do título, era profundamente
espiritualista e anti-Aufklärung: A religião nos limites da simples
razão. Ele fez com que Kant se obrigasse a nunca mais escrever sobre
religião, "como súdito fiel de Sua Majestade". Kant, por mais inimigo
que fosse da restrição mental, achou que essa promessa só o obrigaria durante o
reinado desse príncipe! E, após o advento de Frederico-Guilherme III, não
hesitou em tratar, no Conflito das Faculdades (1798), do
problema das relações entre a religião natural e a religião revelada! Dentre
suas últimas obras citamos A doutrina do direito, A
doutrina da virtude e seu Ensaio filosófico sobre a paz
perpétua (1795).
Ciência
e a Metafísica
O método de Immanuel Kant é a "crítica", isto é, a análise
reflexiva. Consiste em remontar do conhecimento às condições que o tornam
eventualmente legítimo. Em nenhum momento Kant duvida da verdade da física de
Newton, assim como do valor das regras morais que sua mãe e seus mestres lhe
haviam ensinado. Não estão, todos os bons espíritos, de acordo quanto à verdade
das leis de Newton? Do mesmo modo todos concordam que é preciso ser justo, que
a coragem vale mais do que do que a covardia, que não se deve mentir, etc... As
verdades da ciência newtoniana, assim como as verdades morais, são necessárias
(não podem não ser) e universais (valem para todos os homens e em todos os
tempos). Mas, sobre que se fundam tais verdades? Em que condições são elas
racionalmente justificadas? Em compensação, as verdades da metafísica são
objeto de incessantes discussões. Os maiores pensadores estão em desacordo
quanto às proposições da metafísica. Por que esse fracasso?
Os juízos rigorosamente verdadeiros, isto é, necessários e universais,
são a priori, isto é independentes dos azares da experiência,
sempre particular e contigente. À primeira vista, parece evidente que esses
juízos a priori são juízos analíticos. Juízo
analítico é aquele cujo predicado está contido no sujeito. Um triângulo é uma
figura de três ângulos: basta-me analisar a própria definição desse termo para
dizê-lo. Em compensação, os juízos sintéticos, aqueles cujo
atributo enriquece o sujeito (por exemplo: esta régua é verde), são
naturalmente a posteriori; só sei que a régua é verde porque a vi.
Eis um conhecimento sintético a posteirori que nada tem de
necessário (pois sei que a régua poderia não ser verde) nem de universal (pois
todas as réguas não são verdes).
Entretanto, também existem (este enigma é o ponto de partida de Kant)
juízos que são, ao mesmo tempo, sintéticos e a priori! Por
exemplo:a soma dos ângulos de um triângulo equivale a dois retos. Eis um juízo
sintético (o valor dessa soma de ângulos acrescenta algo à idéia de
triângulo) que, no entanto, é a priori. De fato eu não tenho
necessidade de uma constatação experimental para conhecer essa propriedade.
Tomo conhecimento dela sem ter necessidade de medir os ângulos com um
transferidor. Faço-o por intermédio de uma demonstração rigorosa. Também em
física, eu digo que o aquecimento da água é a causa necessária de sua ebulição
(se não houvesse aí senão uma constatação empírica, como acreditou Hume, toda
ciência, enquanto verdade necessária e universal, estaria anulada). Como se
explica que tais juízos sintéticos e a priori sejam
possíveis?
Eu demonstro o valor da soma dos ângulos do triângulo fazendo uma
construção no espaço. Mas por que a demonstração se opera tão bem em minha
folha de papel quanto no quadro negro... ou quanto no solo em que Sócrates traçava figuras geométricas para
um escravo? É porque o espaço, assim como o tempo, é um quadro que faz parte da
própria estrutura de meu espírito. O espaço e o tempo são quadros a
priori, necessários e universais de minha percepção (o que Kant mostra na
primeira parte da Crítica da Razão Pura, denominada Estética
transcendental. Estética significa teoria da percepção, enquanto
transcendental significa a priori, isto é, simultaneamente anterior
à experiência e condição da experiência). O espaço e o tempo não são, para mim,
aquisições da experiência. São quadros a priori de meu
espírito, nos quais a experiência vem se depositar. Eis por que as construções
espaciais do geômetra, por mais sintéticas que sejam, são a priori, necessárias
e universais. Mas o caso da física é mais complexo. Aqui, eu falo não só do
quadro a priori da experiência, mas, ainda, dos próprios
fenômenos que nela ocorrem. Para dizer que o calor faz ferver a água, é preciso
que eu constate. Como, então, os juízos do físico podem ser a priori, necessários
e universais?
É porque, responde Kant, as regras, as categorias, pelas quais
unificamos os fenômenos esparsos na experiência, são exigências a
priori do nosso espírito. Os fenômenos, eles próprios, são dados a
posteriori, mas o espírito possui, antes de toda experiência concreta, uma
exigência de unificação dos fenômenos entre si, uma exigência de explicação por
meio de causas e efeitos. Essas categorias são necessárias e universais. O
próprio Hume, ao pretender que o hábito é a causa de nossa crença na
causalidade, não emprega necessariamente a categoria a priori de
causa na crítica que nos oferece? "Todas as intuições sensíveis estão
submetidas às categorias como às únicas condições sob as quais a diversidade da
intuição pode unificar-se em uma consciência". Assim sendo, a experiência
nos fornece a matéria de nosso conhecimento, mas é nosso espírito que, por um
lado, dispõe a experiência em seu quadro espacio-temporal (o que Kant mostrará
na Estética transcendental) e, por outro, imprime-lhe ordem e
coerência por intermédio de suas categorias (o que Kant mostra na Analítica
transcendental). Aquilo a que denominamos experiência não é algo que o
espírito, tal como cera mole, receberia passivamente. É o próprio espírito que,
graças às suas estruturas a priori, constrói a ordem do universo.
Tudo o que nos aparece bem relacionado na natureza, foi relacionado pelo
espírito humano. É a isto que Kant chama de sua revolução copernicana.
Não é o Sol, dissera Copérnico, que gira em torno da Terra, mas é esta que gira
em torno daquele. O conhecimento, diz Kant, não é o reflexo do objeto exterior.
É o próprio espírito humano que constrói - com os dados do conhecimento
sensível - o objeto do seu saber.
John Locke
Filósofo, acadêmico e pesquisador
médico inglês
Artesão do pensamento político liberal, Locke nasceu numa aldeia
inglesa, filho de um pequeno proprietário de terras. Estudou na escola de
Westminster e em Oxford, que seria seu lar por mais de 30 anos. Os estudos
tradicionais da universidade não o satisfaziam, mas aplicou-se. Foi admitido na
Sociedade Real de Londres, a academia científica, em 1668, para estudar
medicina: graduou-se seis anos depois, mas sem o título de doutor.
A maior parte de sua obra se caracteriza pela oposição ao autoritarismo, em todos os níveis: individual, político e religioso. Acreditava em usar a razão para obter a verdade e determinar a legitimidade das instituições sociais.
Quando Locke escreveu os "Dois Tratados sobre o Governo", a sua principal obra de filosofia política, tinha como objetivo contestar a doutrina do direito divino dos reis e do absolutismo real.
Também pretendia criar uma teoria que conciliasse a liberdade dos cidadãos com a manutenção da ordem política. Para o pensador inglês, o que dá direito à propriedade é o trabalho que se dedica a ela. E desde que isso não prejudique alguém, fica assegurado o direito ao fruto do trabalho. Foram essas as bases da idéia de uma sociedade sem a interferência governamental, um dos princípios básicos do capitalismo liberal.
Para o filósofo, todo conhecimento humano pode ser obtido por meio da percepção sensorial ao longo da vida. A mente do ser humano ao nascer seria como uma folha em branco, e tudo que se sabe é aprendido depois. Baseava sua crença no poder da educação como transformadora do mundo. Afirmava que o mal não era parte de um plano de Deus, e sim produzido por um sistema social criado pelos indivíduos. Por isso, poderia ser modificado também por eles.
Sua obra, "Ensaios", escrita ao longo de 20 anos, é sua grande contribuição à filosofia. Seu interesse se centrava nos tópicos tradicionais da filosofia: a natureza do ser, o mundo, Deus e os níveis de conhecimento. Locke foi também o precursor do pensamento iluminista nas questões políticas.
De pesquisador a secretário de um nobre no governo inglês, tornou-se um escritor de economia, ativista político e um revolucionário cujas idéias ocasionaram a vitória da Revolução Gloriosa, em 1688, contra o absolutismo. Foi também deputado no Parlamento e defendeu que somente quem dispusesse de apoio da maioria dos parlamentares deveria ter o direito de ser ministro (como até hoje funciona o sistema britânico).
Em sua obra, afirmou que a organização das leis e do Estado deve ser feita com o objetivo de garantir o respeito aos direitos naturais. A garantia dos direitos naturais do povo - a proteção da vida, da liberdade e da propriedade de todos - é definida por ele como a única razão de ser de um governo. Se o governante não respeita esses direitos, os governados podem derrubá-lo e substituí-lo por outro mais competente.
Locke exerceu enorme influência sobre todos os pensadores de seu tempo e foi uma das principais referências teóricas para os líderes das revoluções que, a partir do final do século 18, transformaram a sociedade ocidental.
A maior parte de sua obra se caracteriza pela oposição ao autoritarismo, em todos os níveis: individual, político e religioso. Acreditava em usar a razão para obter a verdade e determinar a legitimidade das instituições sociais.
Quando Locke escreveu os "Dois Tratados sobre o Governo", a sua principal obra de filosofia política, tinha como objetivo contestar a doutrina do direito divino dos reis e do absolutismo real.
Também pretendia criar uma teoria que conciliasse a liberdade dos cidadãos com a manutenção da ordem política. Para o pensador inglês, o que dá direito à propriedade é o trabalho que se dedica a ela. E desde que isso não prejudique alguém, fica assegurado o direito ao fruto do trabalho. Foram essas as bases da idéia de uma sociedade sem a interferência governamental, um dos princípios básicos do capitalismo liberal.
Para o filósofo, todo conhecimento humano pode ser obtido por meio da percepção sensorial ao longo da vida. A mente do ser humano ao nascer seria como uma folha em branco, e tudo que se sabe é aprendido depois. Baseava sua crença no poder da educação como transformadora do mundo. Afirmava que o mal não era parte de um plano de Deus, e sim produzido por um sistema social criado pelos indivíduos. Por isso, poderia ser modificado também por eles.
Sua obra, "Ensaios", escrita ao longo de 20 anos, é sua grande contribuição à filosofia. Seu interesse se centrava nos tópicos tradicionais da filosofia: a natureza do ser, o mundo, Deus e os níveis de conhecimento. Locke foi também o precursor do pensamento iluminista nas questões políticas.
De pesquisador a secretário de um nobre no governo inglês, tornou-se um escritor de economia, ativista político e um revolucionário cujas idéias ocasionaram a vitória da Revolução Gloriosa, em 1688, contra o absolutismo. Foi também deputado no Parlamento e defendeu que somente quem dispusesse de apoio da maioria dos parlamentares deveria ter o direito de ser ministro (como até hoje funciona o sistema britânico).
Em sua obra, afirmou que a organização das leis e do Estado deve ser feita com o objetivo de garantir o respeito aos direitos naturais. A garantia dos direitos naturais do povo - a proteção da vida, da liberdade e da propriedade de todos - é definida por ele como a única razão de ser de um governo. Se o governante não respeita esses direitos, os governados podem derrubá-lo e substituí-lo por outro mais competente.
Locke exerceu enorme influência sobre todos os pensadores de seu tempo e foi uma das principais referências teóricas para os líderes das revoluções que, a partir do final do século 18, transformaram a sociedade ocidental.
Friedrich Froebel
O criador dos jardins-de-infância defendia um ensino
sem obrigações porque o aprendizado depende dos interesses de cada um e se faz
por meio da prática
As técnicas utilizadas até hoje na Educação Infantil devem muito a
Froebel
“Por meio da educação, a criança vai se reconhecer como membro vivo do todo”
Filho de um pastor protestante, Friedrich Froebel nasceu em Oberweissbach, no sudeste da Alemanha, em 1782. Nove meses depois de seu nascimento, sua mãe morreu. Adotado por um tio, viveu uma infância solitária, em que se empenhou em aprender matemática e linguagem e a explorar as florestas perto de onde morava. Após cursar informalmente algumas matérias na Universidade de Jena, tornou-se professor e ainda jovem fez uma visita à escola do pedagogo Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827), em Yverdon, na Suíça. Em 1811, foi convocado a lutar nas guerras napoleônicas. Fundou sua primeira escola em 1816, na cidade alemã de Griesheim. Dois anos depois, a escola foi transferida para Keilhau, onde Froebel pôs em prática suas teorias pedagógicas. Em 1826, publicou seu livro mais importante, A Educação do Homem. Em seguida, foi morar na
Suíça, onde treinou professores e dirigiu um orfanato. Todas essas experiências serviram de inspiração para que ele fundasse o primeiro jardim-de-infância, na cidade alemã de Blankenburg. Paralelamente, administrou uma gráfica que imprimiu instruções de brincadeiras e canções para serem aplicadas em escolas e em casa. Em 1851, confundindo Froebel com um sobrinho esquerdista, o governo da Prússia proibiu as atividades dos jardins-de-infância. O educador morreu no ano seguinte, mas o banimento só foi suspenso em 1860, oito anos mais tarde. Os jardins-de-infância rapidamente se espalharam pela Europa e nos Estados Unidos, onde foram incorporados aos preceitos educacionais do filósofo John Dewey (1859-1952).
O alemão Friedrich Froebel foi um dos primeiros educadores a considerar o início da infância como uma fase de importância decisiva na formação das pessoas – idéia hoje consagrada pela psicologia, ciência da qual foi precursor. Froebel viveu em uma época de mudança de concepções sobre as crianças e esteve à frente desse processo na área pedagógica, como fundador dos jardins-de-infância, destinado aos menores de 8 anos. O nome reflete um princípio que Froebel compartilhava com outros pensadores de seu tempo: o de que a criança é como uma planta em sua fase de formação, exigindo cuidados periódicos para que cresça de maneira saudável. “Ele procurava na infância o elo que igualaria todos os homens, sua essência boa e divina ainda não corrompida pelo convívio social”, diz Alessandra Arce, professora da Universidade Federal de São Carlos.
As técnicas utilizadas até hoje em Educação Infantil devem muito a Froebel. Para ele, as brincadeiras são o primeiro recurso no caminho da aprendizagem. Não são apenas diversão, mas um modo de criar representações do mundo concreto com a finalidade de entendê-lo. Com base na observação das atividades dos pequenos com jogos e brinquedos, Froebel foi um dos primeiros pedagogos a falar em auto-educação, um conceito que só se difundiria no início do século 20, graças ao movimento da Escola Nova, de Maria Montessori (1870-1952) e Célestin Freinet (1896-1966), entre outros.
Filho de um pastor protestante, Friedrich Froebel nasceu em Oberweissbach, no sudeste da Alemanha, em 1782. Nove meses depois de seu nascimento, sua mãe morreu. Adotado por um tio, viveu uma infância solitária, em que se empenhou em aprender matemática e linguagem e a explorar as florestas perto de onde morava. Após cursar informalmente algumas matérias na Universidade de Jena, tornou-se professor e ainda jovem fez uma visita à escola do pedagogo Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827), em Yverdon, na Suíça. Em 1811, foi convocado a lutar nas guerras napoleônicas. Fundou sua primeira escola em 1816, na cidade alemã de Griesheim. Dois anos depois, a escola foi transferida para Keilhau, onde Froebel pôs em prática suas teorias pedagógicas. Em 1826, publicou seu livro mais importante, A Educação do Homem. Em seguida, foi morar na
Suíça, onde treinou professores e dirigiu um orfanato. Todas essas experiências serviram de inspiração para que ele fundasse o primeiro jardim-de-infância, na cidade alemã de Blankenburg. Paralelamente, administrou uma gráfica que imprimiu instruções de brincadeiras e canções para serem aplicadas em escolas e em casa. Em 1851, confundindo Froebel com um sobrinho esquerdista, o governo da Prússia proibiu as atividades dos jardins-de-infância. O educador morreu no ano seguinte, mas o banimento só foi suspenso em 1860, oito anos mais tarde. Os jardins-de-infância rapidamente se espalharam pela Europa e nos Estados Unidos, onde foram incorporados aos preceitos educacionais do filósofo John Dewey (1859-1952).
O alemão Friedrich Froebel foi um dos primeiros educadores a considerar o início da infância como uma fase de importância decisiva na formação das pessoas – idéia hoje consagrada pela psicologia, ciência da qual foi precursor. Froebel viveu em uma época de mudança de concepções sobre as crianças e esteve à frente desse processo na área pedagógica, como fundador dos jardins-de-infância, destinado aos menores de 8 anos. O nome reflete um princípio que Froebel compartilhava com outros pensadores de seu tempo: o de que a criança é como uma planta em sua fase de formação, exigindo cuidados periódicos para que cresça de maneira saudável. “Ele procurava na infância o elo que igualaria todos os homens, sua essência boa e divina ainda não corrompida pelo convívio social”, diz Alessandra Arce, professora da Universidade Federal de São Carlos.
As técnicas utilizadas até hoje em Educação Infantil devem muito a Froebel. Para ele, as brincadeiras são o primeiro recurso no caminho da aprendizagem. Não são apenas diversão, mas um modo de criar representações do mundo concreto com a finalidade de entendê-lo. Com base na observação das atividades dos pequenos com jogos e brinquedos, Froebel foi um dos primeiros pedagogos a falar em auto-educação, um conceito que só se difundiria no início do século 20, graças ao movimento da Escola Nova, de Maria Montessori (1870-1952) e Célestin Freinet (1896-1966), entre outros.
Treino de
habilidades
Por meio de brinquedos que desenvolveu depois de analisar crianças de
diferentes idades, Froebel previu uma educação que ao mesmo tempo permite o
treino de habilidades que elas já possuem e o surgimento de novas. Dessa forma
seria possível aos alunos exteriorizar seu mundo interno e interiorizar as
novidades vindas de fora – um dos fundamentos do aprendizado, segundo o
pensador.
Ao mesmo tempo que pensou sobre a prática escolar, ele se dedicou a criar um sistema filosófico que lhe desse sustentação. Para Froebel, a natureza era a manifestação de Deus no mundo terreno e expressava a unidade de todas as coisas. Da totalidade em Deus decorria uma lei da convivência dos contrários. Isso tudo levava ao princípio de que a educação deveria trabalhar os conceitos de unidade e harmonia, pelos quais as crianças alcançariam a própria identidade e sua ligação com o eterno. A importância do autoconhecimento não se limitava à esfera individual, mas seria ainda um meio de tornar melhor a vida em sociedade.
Além do misticismo e da unidade, a natureza continha, de acordo com Froebel, um sistema de símbolos conferido por Deus. Era necessário desvendar tais símbolos para conhecer o que é o espírito divino e como ele se manifesta no mundo. A criança, segundo o educador, trazia em si a semente divina de tudo o que há de melhor no ser humano. Cabia à educação desenvolver esse germe e não deixar que se perdesse.
Ao mesmo tempo que pensou sobre a prática escolar, ele se dedicou a criar um sistema filosófico que lhe desse sustentação. Para Froebel, a natureza era a manifestação de Deus no mundo terreno e expressava a unidade de todas as coisas. Da totalidade em Deus decorria uma lei da convivência dos contrários. Isso tudo levava ao princípio de que a educação deveria trabalhar os conceitos de unidade e harmonia, pelos quais as crianças alcançariam a própria identidade e sua ligação com o eterno. A importância do autoconhecimento não se limitava à esfera individual, mas seria ainda um meio de tornar melhor a vida em sociedade.
Além do misticismo e da unidade, a natureza continha, de acordo com Froebel, um sistema de símbolos conferido por Deus. Era necessário desvendar tais símbolos para conhecer o que é o espírito divino e como ele se manifesta no mundo. A criança, segundo o educador, trazia em si a semente divina de tudo o que há de melhor no ser humano. Cabia à educação desenvolver esse germe e não deixar que se perdesse.
Educação espontânea
O caminho para isso seria deixar a criança livre para expressar seu
interior e perseguir seus interesses. Froebel adotava, assim, a idéia
contemporânea do “aprender a aprender”. Para ele, a educação se desenvolve
espontaneamente. Quanto mais ativa é a mente da criança, mais ela é receptiva a
novos conhecimentos.
O ponto de partida do ensino seriam os sentidos e o contato que eles criam com o mundo. Portanto, a educação teria como fundamento a percepção, da maneira como ela ocorre naturalmente nos pequenos. Isso não quer dizer que ele descartasse totalmente o ensino diretivo, visto como um recurso legítimo caso o aluno não apresentasse o desenvolvimento esperado. De modo geral, no entanto, a pedagogia de Froebel pode ser considerada como defensora da liberdade.
O educador acreditava que as crianças trazem consigo uma metodologia natural que as leva a aprender de acordo com seus interesses e por meio de atividade prática. Ele combatia o excesso de abstração da educação de seu tempo, argumentando que ele afastava os alunos do aprendizado. Na primeira infância, dizia, o importante é trabalhar a percepção e a aquisição da linguagem. No período propriamente escolar, seria a vez de trabalhar religião, ciências naturais, matemática, linguagem e artes.
Froebel defendia a educação sem imposições às crianças porque, segundo sua teoria, elas passam por diferentes estágios de capacidade de aprendizado, com características específicas, antecipando as idéias do suíço Jean Piaget (1896-1980). Froebel detectou três estágios: primeira infância, infância e idade escolar. “Em seus escritos, ele demonstra como a brincadeira e a fala, observadas pelo adulto, permitem apreender o nível de desenvolvimento e a forma de relacionamento infantil com o mundo exterior”, diz Alessandra Arce.
Froebel não fez a separação entre religião e ensino, consagrada atualmente, mas via a educação como uma atividade em que escola e família caminham juntas, outra característica que o aproxima da prática contemporânea.
O ponto de partida do ensino seriam os sentidos e o contato que eles criam com o mundo. Portanto, a educação teria como fundamento a percepção, da maneira como ela ocorre naturalmente nos pequenos. Isso não quer dizer que ele descartasse totalmente o ensino diretivo, visto como um recurso legítimo caso o aluno não apresentasse o desenvolvimento esperado. De modo geral, no entanto, a pedagogia de Froebel pode ser considerada como defensora da liberdade.
O educador acreditava que as crianças trazem consigo uma metodologia natural que as leva a aprender de acordo com seus interesses e por meio de atividade prática. Ele combatia o excesso de abstração da educação de seu tempo, argumentando que ele afastava os alunos do aprendizado. Na primeira infância, dizia, o importante é trabalhar a percepção e a aquisição da linguagem. No período propriamente escolar, seria a vez de trabalhar religião, ciências naturais, matemática, linguagem e artes.
Froebel defendia a educação sem imposições às crianças porque, segundo sua teoria, elas passam por diferentes estágios de capacidade de aprendizado, com características específicas, antecipando as idéias do suíço Jean Piaget (1896-1980). Froebel detectou três estágios: primeira infância, infância e idade escolar. “Em seus escritos, ele demonstra como a brincadeira e a fala, observadas pelo adulto, permitem apreender o nível de desenvolvimento e a forma de relacionamento infantil com o mundo exterior”, diz Alessandra Arce.
Froebel não fez a separação entre religião e ensino, consagrada atualmente, mas via a educação como uma atividade em que escola e família caminham juntas, outra característica que o aproxima da prática contemporânea.
Brinquedos criados para aprender
Froebel considerava a Educação Infantil indispensável para a formação da
criança – e essa idéia foi aceita por grande parte dos teóricos da educação que
vieram depois dele. O objetivo das atividades nos jardins-de-infância era
possibilitar brincadeiras criativas. As atividades e o material escolar eram
determinados de antemão, para oferecer o máximo de oportunidades de tirar
proveito educativo da atividade lúdica. Froebel desenhou círculos, esferas,
cubos e outros objetos que tinham por objetivo estimular o aprendizado. Eles
eram feitos de material macio e manipulável, geralmente com partes
desmontáveis. As brincadeiras eram acompanhadas de músicas, versos e dança. Os
objetos criados por Froebel eram chamados de “dons” ou “presentes” e havia
regras para usá-los, que precisariam ser dominadas para garantir o
aproveitamento pedagógico. As brincadeiras previstas por Froebel eram, quase
sempre, ao ar livre para que a turma interagisse com o ambiente. “Todos os
jogos que envolviam os ‘dons’ começavam com as pessoas formando círculos,
movendo-se e cantando, pois assim conseguiam atingir a perfeita unidade”, diz
Alessandra Arce. Para Froebel, era importante acostumar as crianças aos
trabalhos manuais. A atividade dos sentidos e do corpo despertaria o germe do
trabalho, que, segundo o educador alemão, seria uma imitação da criação do
universo por Deus.
Para
pensar
Froebel chegou a suas conclusões sobre a psicologia infantil observando
as brincadeiras e os jogos das crianças. Diante das atividades espontâneas de
seus alunos, você já pensou que tem a oportunidade de entender a psicologia de
cada um e também de depreender algumas características da faixa etária a que
eles pertencem?
Antonio Gramsci
O filósofo italiano atribuía à escola a função
de dar acesso à cultura das classes dominantes, para que todos pudessem ser
cidadãos plenos
Frases de Antonio Gramsci: “A tendência democrática de escola não pode
consistir apenas em que um operário manual se torne qualificado, mas em que
cada cidadão possa se tornar governante”
“Todos os homens são intelectuais, mas nem todos os homens desempenham na sociedade a função de intelectuais”
“Todos os homens são intelectuais, mas nem todos os homens desempenham na sociedade a função de intelectuais”
Nascido em Ales, na ilha
da Sardenha, em 1891, numa família pobre e numerosa, Antonio Gramsci foi
vítima, antes dos 2 anos, de uma doença que o deixou corcunda e prejudicou seu
crescimento. Na idade adulta, não media mais do que 1,50 metro e sua saúde sempre
foi frágil. Aos 21 anos, foi estudar letras em Turim, onde trabalhou como
jornalista de publicações de esquerda. Militou em comissões de fábrica e ajudou
a fundar o Partido Comunista Italiano em 1921. Conheceu a mulher, Julia
Schucht, em Moscou, para onde foi enviado como representante da Internacional
Comunista. Em 1926, foi preso pelo regime fascista de Benito Mussolini. Ficou
célebre a frase dita pelo juiz que o condenou: "Temos que impedir esse
cérebro de funcionar durante 20 anos". Gramsci cumpriu dez anos, morrendo
numa clínica de Roma em 1937. Na prisão, escreveu os textos reunidos em
Cadernos do Cárcere e Cartas do Cárcere. A obra de Gramsci inspirou o
eurocomunismo – a linha democrática seguida pelos partidos comunistas europeus
na segunda metade do século 20 – e teve grande influência no Brasil nos anos
1970 e 1980.
Co-fundador do Partido Comunista Italiano, Antonio Gramsci foi uma das referências essenciais do pensamento de esquerda no século 20. Embora comprometido com um projeto político que deveria culminar com uma revolução proletária, Gramsci se distinguia de seus pares por desacreditar de uma tomada do poder que não fosse precedida por mudanças de mentalidade. Para ele, os agentes principais dessas mudanças seriam os intelectuais e um dos seus instrumentos mais importantes, a escola.
Alguns conceitos criados ou valorizados por Gramsci hoje são de uso corrente em várias partes do mundo. Um deles é o de cidadania. Foi ele quem trouxe à discussão pedagógica a conquista da cidadania como um objetivo da escola. Ela deveria ser orientada para o que o pensador chamou de elevação cultural das massas, ou seja, livrá-las de uma visão de mundo que, por se assentar em preconceitos e tabus, predispõe à interiorização acrítica da ideologia das classes dominantes.
Ao contrário da maioria dos teóricos que se dedicaram à interpretação e à continuidade do trabalho intelectual do filósofo alemão Karl Marx (1818-1883), que concentraram suas análises nas relações entre política e economia, Gramsci deteve-se particularmente no papel da cultura e dos intelectuais nos processos de transformação histórica. Suas idéias sobre educação surgem desse contexto.
Para entendê-las, é preciso conhecer o conceito de hegemonia, um dos pilares do pensamento gramsciano. Antes, deve-se lembrar que a maior parte da obra de Gramsci foi escrita na prisão e só veio a público depois de sua morte. Para despistar a censura fascista, Gramsci adotou uma linguagem cifrada, que se desenvolve em torno de conceitos originais (como bloco histórico, intelectual orgânico, sociedade civil e a citada hegemonia, para mencionar os mais célebres) ou de expressões novas em lugar de termos tradicionais (como filosofia da práxis para designar o marxismo). Seus escritos têm forma fragmentária, com muitos trechos que apenas indicam reflexões a serem desenvolvidas.
Co-fundador do Partido Comunista Italiano, Antonio Gramsci foi uma das referências essenciais do pensamento de esquerda no século 20. Embora comprometido com um projeto político que deveria culminar com uma revolução proletária, Gramsci se distinguia de seus pares por desacreditar de uma tomada do poder que não fosse precedida por mudanças de mentalidade. Para ele, os agentes principais dessas mudanças seriam os intelectuais e um dos seus instrumentos mais importantes, a escola.
Alguns conceitos criados ou valorizados por Gramsci hoje são de uso corrente em várias partes do mundo. Um deles é o de cidadania. Foi ele quem trouxe à discussão pedagógica a conquista da cidadania como um objetivo da escola. Ela deveria ser orientada para o que o pensador chamou de elevação cultural das massas, ou seja, livrá-las de uma visão de mundo que, por se assentar em preconceitos e tabus, predispõe à interiorização acrítica da ideologia das classes dominantes.
Ao contrário da maioria dos teóricos que se dedicaram à interpretação e à continuidade do trabalho intelectual do filósofo alemão Karl Marx (1818-1883), que concentraram suas análises nas relações entre política e economia, Gramsci deteve-se particularmente no papel da cultura e dos intelectuais nos processos de transformação histórica. Suas idéias sobre educação surgem desse contexto.
Para entendê-las, é preciso conhecer o conceito de hegemonia, um dos pilares do pensamento gramsciano. Antes, deve-se lembrar que a maior parte da obra de Gramsci foi escrita na prisão e só veio a público depois de sua morte. Para despistar a censura fascista, Gramsci adotou uma linguagem cifrada, que se desenvolve em torno de conceitos originais (como bloco histórico, intelectual orgânico, sociedade civil e a citada hegemonia, para mencionar os mais célebres) ou de expressões novas em lugar de termos tradicionais (como filosofia da práxis para designar o marxismo). Seus escritos têm forma fragmentária, com muitos trechos que apenas indicam reflexões a serem desenvolvidas.
A mente antes do poder
Hegemonia significa, para Gramsci, a relação de domínio de uma classe
social sobre o conjunto da sociedade. O domínio se caracteriza por dois
elementos: força e consenso. A força é exercida pelas instituições políticas e
jurídicas e pelo controle do aparato policial-militar. O consenso diz respeito
sobretudo à cultura: trata-se de uma liderança ideológica conquistada entre a
maioria da sociedade e formada por um conjunto de valores morais e regras de
comportamento. Segundo Gramsci, “toda relação de hegemonia é necessariamente
uma relação pedagógica”, isto é, de aprendizado.
Acesso ao código dominante
O terreno da luta de hegemonias é a sociedade civil, que compreende
instituições de legitimação do poder do Estado, como a Igreja, a escola, a
família, os sindicatos e os meios de comunicação. Ao contrário do pensamento
marxista tradicional, que tende a considerar essas instituições como
reprodutoras mecânicas da ideologia do Estado, Gramsci via nelas a
possibilidade do início das transformações por intermédio do surgimento de uma
nova mentalidade ligada às classes dominadas.
Na escola prevista por Gramsci, as classes desfavorecidas poderiam se inteirar dos códigos dominantes, a começar pela alfabetização. A construção de uma visão de mundo que desse acesso à condição de cidadão teria a finalidade inicial de substituir o que Gramsci chama de senso comum – conceitos desagregados, vindos de fora e impregnados de equívocos decorrentes da religião e do folclore. Com o termo folclore, o pensador designa tradições que perderam o significado, mas continuam se perpetuando. Para que o aluno adquira criticidade, Gramsci defende para os primeiros anos de escola um currículo que lhe apresente noções instrumentais (ler, escrever, fazer contas, conhecer os conceitos científicos) e seus direitos e deveres de cidadão.
Na escola prevista por Gramsci, as classes desfavorecidas poderiam se inteirar dos códigos dominantes, a começar pela alfabetização. A construção de uma visão de mundo que desse acesso à condição de cidadão teria a finalidade inicial de substituir o que Gramsci chama de senso comum – conceitos desagregados, vindos de fora e impregnados de equívocos decorrentes da religião e do folclore. Com o termo folclore, o pensador designa tradições que perderam o significado, mas continuam se perpetuando. Para que o aluno adquira criticidade, Gramsci defende para os primeiros anos de escola um currículo que lhe apresente noções instrumentais (ler, escrever, fazer contas, conhecer os conceitos científicos) e seus direitos e deveres de cidadão.
Elogio do
“ensino desinteressado”
Uma parte importante das reflexões de
Gramsci sobre educação foi motivada pela reforma empreendida por Giovanni
Gentile, ministro da
Educação de Benito Mussolini, que reservava aos alunos das classes altas o ensino tradicional, “completo”, e aos das classes pobres uma escola voltada principalmente para a formação profissional. Em reação, Gramsci defendeu a manutenção de “uma escola única inicial de cultura geral, humanista, formativa”. Para ele, a Reforma Gentile visava predestinar o aluno a um determinado ofício, sem dar-lhe acesso ao “ensino desinteressado” que “cria os primeiros elementos de uma intuição do mundo, liberta de toda magia ou bruxaria”. Ao contrário dos pedagogos da escola ativa, que defendiam a construção do aprendizado pelos estudantes, Gramsci acreditava que, pelo menos nos primeiros anos de estudo, o professor deveria transmitir conteúdos aos alunos. “A escola unitária de Gramsci é a escola do trabalho, mas não no sentido estreito do ensino profissionalizante, com o qual se aprende a operar”, diz o pedagogo Paolo Nosella. “Em termos metafóricos, não se trata de colocar um torno em sala de aula, mas de ler um livro sobre o significado, a história e as implicações econômicas do torno.”
Educação de Benito Mussolini, que reservava aos alunos das classes altas o ensino tradicional, “completo”, e aos das classes pobres uma escola voltada principalmente para a formação profissional. Em reação, Gramsci defendeu a manutenção de “uma escola única inicial de cultura geral, humanista, formativa”. Para ele, a Reforma Gentile visava predestinar o aluno a um determinado ofício, sem dar-lhe acesso ao “ensino desinteressado” que “cria os primeiros elementos de uma intuição do mundo, liberta de toda magia ou bruxaria”. Ao contrário dos pedagogos da escola ativa, que defendiam a construção do aprendizado pelos estudantes, Gramsci acreditava que, pelo menos nos primeiros anos de estudo, o professor deveria transmitir conteúdos aos alunos. “A escola unitária de Gramsci é a escola do trabalho, mas não no sentido estreito do ensino profissionalizante, com o qual se aprende a operar”, diz o pedagogo Paolo Nosella. “Em termos metafóricos, não se trata de colocar um torno em sala de aula, mas de ler um livro sobre o significado, a história e as implicações econômicas do torno.”
MUSICAS:
Violeiros e cirandas: poesia improvisada
A POESIA POPULAR DO NORDESTE pode se
classificar em dois grupos bem caracterizados: a literatura de cordel e a
poesia improvisada dos cantadores. O nosso romanceiro é, sem dúvida, originário
do ibérico, mas tem hoje fisionomia própria, inclusive pela riqueza e variedade
das formas de estrofes usadas. Dessas estrofes, as mais utilizadas são a
sextilha, a décima de sete sílabas e o martelo agalopado, décima de dez sílabas
cuja estrutura é a mesma usada no século de ouro na Península Ibérica.
Tais
estrofes são as mais importantes tanto nos romances quanto nos desafios da
poesia improvisada, existindo ainda, porém, o mourão, o galope à beira-mar, o
martelo gabinete (sextilha de dez sílabas) entre outras formas menos
importantes. Entretanto, apesar de se tornarem cada vez mais raros, ainda
encontramos no sertão alguns romances ibéricos ou iberizantes compostos na
forma monorrímica.
A
cantoria, ou desafio, é a forma usada para a poesia improvisada. Dois
cantadores, de viola em punho, às vezes durante toda uma noite, improvisam à
maneira dos tensons provençais. O que existe de melhor
nesses desafios é o tom jocoso, satírico.
Repentista
Personagem típico do nordeste, o
repentista ganha a vida fazendo rimas e trovas para os turistas que encontra
pela praia... Esbanjam simpatia e humildade, alem de um senso de humor
inabalável apesar da dura e regrada vida que levam.
Origem do termo "Forró"
Na
etimologia popular é freqüente associar a origem da palavra forró à expressão
da língua inglesa for all ("para todos"). Para essa versão,
foi construída, no início do século XX, aferrovia Great
Western. Os engenheiros britânicos, instalados em Pernambuco, promoviam bailes
abertos ao público, ou seja for all. Assim, for all passaria a ser, no
vocabulário brasileiro, forró.Outra versão da mesma história substitui os
ingleses pelos estadunidenses e Pernambuco do início do século XX pela Natal do
período da Segunda Guerra Mundial, quando uma base militar dos Estados Unidos
foi instalada na cidade.
Verdade
ou não, o certo é que o termo forró passou a caracterizar uma das maiores
manifestações musicais do Nordeste brasileiro. Um ritmo que aglutina diversos
outros ritmos, como o baião, o coco, o rojão, a quadrilha, o xaxado e o xote.
Há
estudos linguísticos que comprovam, entretanto, que o termo forró deriva de
forrobodó. Essa é a expressão original mais aceita, ficando a influência do
inglês 'for all' questionada. Na época da construção das ferrovias usava-se o
termo samba para designar festa, no Interior do Ceará. A denominação forró como
ritmo musical e estilo de dança surge mais tarde.
Forró pé de serra: É o som feito pelos
precursores do gênero, sempre com a presença do triângulo, sanfona e zabumba.
Baião: Nascido de uma forma especial de os violeiros tocarem lundus na zona rural do nordeste (onde recebia o nome de baiano e era dançado em roda), esse ritmo foi transformado em gênero musical a partir de meados da década de 40, como resultado do trabalho de estilização feito por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, quando sofreu influências de ritmos como o samba e a conga.
Xote: Ritmo de origem européia que surgiu dos salões aristocráticos da época da Regência. Conhecido originalmente com o nome schottisch, passando a ficar conhecido como chótis e finalmente xote. Saiu dos salões urbanos para incorporar-se às regiões rurais.
Xaxado: O nome é uma onomatopéia, baseada no som que as alpercatas dos sertanejos faziam ao serem arrastadas durante os passos de dança. É uma dança do agreste e sertão pernambucano, bailada somente por homens, que remonta da década de 20. O acompanhamento era puramente vocal, melodia simples, ritmo ligeiro, e letra agressiva e satírica. Tornou-se popular pelos cangaceiros do grupo de Lampião.
Coco: dança de roda do norte e nordeste do Brasil, fusão da musicalidade negra e cabocla. Acredita-se que tenha nascido nas praias, daí a sua designação. O ritmo sofreu várias alterações com o aparecimento do baião.
Baião: Nascido de uma forma especial de os violeiros tocarem lundus na zona rural do nordeste (onde recebia o nome de baiano e era dançado em roda), esse ritmo foi transformado em gênero musical a partir de meados da década de 40, como resultado do trabalho de estilização feito por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, quando sofreu influências de ritmos como o samba e a conga.
Xote: Ritmo de origem européia que surgiu dos salões aristocráticos da época da Regência. Conhecido originalmente com o nome schottisch, passando a ficar conhecido como chótis e finalmente xote. Saiu dos salões urbanos para incorporar-se às regiões rurais.
Xaxado: O nome é uma onomatopéia, baseada no som que as alpercatas dos sertanejos faziam ao serem arrastadas durante os passos de dança. É uma dança do agreste e sertão pernambucano, bailada somente por homens, que remonta da década de 20. O acompanhamento era puramente vocal, melodia simples, ritmo ligeiro, e letra agressiva e satírica. Tornou-se popular pelos cangaceiros do grupo de Lampião.
Coco: dança de roda do norte e nordeste do Brasil, fusão da musicalidade negra e cabocla. Acredita-se que tenha nascido nas praias, daí a sua designação. O ritmo sofreu várias alterações com o aparecimento do baião.
DANÇAS
Bumba
meu boi
A dança
folclórica do bumba meu boi é um dos traços culturais marcantes na cultura
brasileira, principalmente na região Nordeste. A dança surgiu no século XVIII,
como uma forma de crítica à situação social dos negros e índios. O bumba meu
boi combina elementos de comédia, drama, sátira e tragédia, tentando demonstrar
a fragilidade do homem e a força bruta de um boi.
O bumba meu boi é resultado da união de elementos das culturas europeia, africana e indígena, com maior ou menor influência de cada uma dessas culturas. A dança misturada com teatro incorpora elementos da tradição espanhola e da portuguesa, com encenações de peças religiosas nascidas na luta da Igreja contra o paganismo. O costume da dança do bumba meu boi foi intensificado pelos jesuítas, que através das danças e pequenas representações, desejavam evangelizar os negros, indígenas e os próprios aventureiros portugueses.
A história que envolve a dança é a seguinte: Um rico fazendeiro possui um boi muito bonito, que inclusive sabe dançar. Pai Chico, um trabalhador da fazenda, rouba o boi para satisfazer sua mulher Catarina, que está grávida e sente uma forte vontade de comer a língua do boi. O fazendeiro manda seus empregados procurarem o boi e quando o encontra, ele está doente. Os pajés curam a doença do boi e descobrem a real intenção de Pai Chico, o fazendeiro o perdoa e celebra a saúde do boi com uma grande festividade.
O bumba meu boi possui diversas denominações em todo o Brasil. No Maranhão, Rio Grande do Norte e Alagoas a dança é chamada de bumba meu boi, no Pará e Amazonas, boi-bumbá, em Pernambuco, boi-calemba, na Bahia, boi-janeiro, etc
O bumba meu boi é resultado da união de elementos das culturas europeia, africana e indígena, com maior ou menor influência de cada uma dessas culturas. A dança misturada com teatro incorpora elementos da tradição espanhola e da portuguesa, com encenações de peças religiosas nascidas na luta da Igreja contra o paganismo. O costume da dança do bumba meu boi foi intensificado pelos jesuítas, que através das danças e pequenas representações, desejavam evangelizar os negros, indígenas e os próprios aventureiros portugueses.
A história que envolve a dança é a seguinte: Um rico fazendeiro possui um boi muito bonito, que inclusive sabe dançar. Pai Chico, um trabalhador da fazenda, rouba o boi para satisfazer sua mulher Catarina, que está grávida e sente uma forte vontade de comer a língua do boi. O fazendeiro manda seus empregados procurarem o boi e quando o encontra, ele está doente. Os pajés curam a doença do boi e descobrem a real intenção de Pai Chico, o fazendeiro o perdoa e celebra a saúde do boi com uma grande festividade.
O bumba meu boi possui diversas denominações em todo o Brasil. No Maranhão, Rio Grande do Norte e Alagoas a dança é chamada de bumba meu boi, no Pará e Amazonas, boi-bumbá, em Pernambuco, boi-calemba, na Bahia, boi-janeiro, etc
Pagode de Amarante (PI)
de origem africana, o Pagode de Amarante é
desenvolvido com os dançadores formando duas fileiras de pares que se cruzam
sem obedecer a marcações coreográficas estabelecidas. Cada par improvisa
movimentos com rodopios, sapateado e ginga. A música é executada por dois
cantadores e ritmada no “gafanhoto”: consta de um pedaço de pau oco medindo
cerca de quinze centímetros de comprimento, batido com um pedaço de madeira,
tocado por todos os homens que dançam
REISADO
O Reisado é
uma dança de origem Ibérica, que se instalou em Sergipe no período colonial.
Era dançado geralmente as vésperas do dia de Reis (6 de janeiro), em
comemoração ao nascimento de Jesus e em honra ao Reis Magos, estendendo-se até
fevereiro, para a prática ritual do enterro do boi.
Atualmente o
Reisado é dançado em qualquer época do ano e em qualquer lugar ou evento. É
considerado dança dramática que improvisa nas anedotas e charadas tiradas pelo
caboclo e pela dona do baile, as mais típicas e diversificadas situações da
região.
Durante a
brincadeira, pessoas de destaque são envolvidas no diálogo, aliais sátira,
humor e picardia são elementos próprios do Reisado. A figura do "Boi
Janeiro" surge no meio da brincadeira, provocando delírio na platéia pois,
que ele entra na roda, consegue trazer consigo toda a magia, todo um movimento
de fascínio e fantasia.
Entendido
como quase uma figura sagrada, o Boi, na verdade faz parte da vida do
nordestino, que o sacrifica sempre em nome da sobrevivência. O Reisado costuma
iniciar sua função as 22 horas, indo a depender da resistência dos seus
participantes até o outro dia. É dançado em barraco de palha, porta de bodega
ou casa de alguém que convida o grupo.
MITOS:
Quando a água da torneira está quente, você não pode
molhar as mãos porquê dá gripe.
- Se você sentar no cimento quente, você pega gripe
e hemorróidas.
- Ficar com o guarda-chuva aberto dentro de casa,
faz mal a saúde.
- Se uma mulher grávida sentar em uma tesoura
aberta, o neném nasce com “defeito”.
- Comer Tapioca, Banana, Manga, Caju, Jaca ou
cana e tomar leite, faz mal a saúde.
- Se tem uma pessoa olhando de mais para você, pode
pegar mal olhado.
- Comer abacaxi depois tomar água (faz mal).
- Fazer vontade a mulher grávida dá tersol.
- Se a mulher grávida não satisfazer a sua
vontade, o bebe vai nascer com a cara do desejo.
- Comer e ir logo dormir faz mal a saúde.
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